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Madalena e seu primeiro beijo

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Então Madalena sorria para si mesma, lendo e relendo a carta que seu namoradinho Naldo lhe mandara esta manhã. Era um dia chuvoso e Madalena tinha esquecido o guarda-chuva em casa e é claro que Naldo tinha um – sempre tão precavido, Madalena nunca vira Naldo pegando chuva nem despreparado para uma prova, mas é claro que isto não influenciara em nada o fato dela ter deixado o seu em casa – então ele entregou-a seca e confortável em casa, foi quando, desajeitadamente, lhe entregou a cartinha e lhe deu um beijo de tchau... no rosto.
Primeiro amor é assim mesmo. Naldo e Madalena se viam todos os dias, tinham quase todas as aulas juntos – exceto por línguas estrangeiras, Madalena escolhera espanhol e Naldo inglês. Dividiam seus lanches no recreio e andavam de mãos dadas quando os olhares reprovadores da diretora não estavam por perto. Correspondiam-se com cartinhas de amor e trocavam figurinhas de amor que vinham em chicletes. Tudo parecia perfeito, até que um dia Madalena conversava com Priscila, do 1º ano do ensino médio – Madalena estava na sexta série.
– E ai, já transaram?
Naquele momento a cabeça de Madalena começou a dar voltas. Como assim se já haviam transado? Eles nunca haviam sequer se beijado!
– Hã... claro que não, né Priscila! A gente tem 12 anos!
– Ah, tinha esquecido que você ainda era novinha. Tá, mas já se beijaram pelo menos?
A pergunta a deixou tão envergonhada como se algum menino lhe perguntasse que tamanho era seu sutiã. Priscila era muito mais desenvolvida, andava com os meninos do 3º ano e usava blusas que mostravam o umbigo, a alcinha do sutiã e sabe-se lá o que mais... Madalena logo inventou um trabalho que tinha se esquecido e deu um jeito de fugir da pergunta.  Foi para casa aquele dia pensando no seriamente assunto. Como podia ter parado no tempo de tal maneira? Enquanto as meninas da sua idade já sabiam como colocar a camisinha na banana Madalena parara na fase de andar de mão dada e dar beijinho no rosto.
Chegou em casa e foi direto para o seu quarto, e ficou lá a tarde toda. Até seus pais estranharam seu comportamento na hora do jantar, que foi quando depois de algum tempo pensativa mexendo na comida, Madalena se levantou dramaticamente da mesa.
– Já sei o que fazer!
Todos a fitaram como se tivesse enlouquecido, e assim que sua mãe se recompôs do susto e da surpresa, foi logo perguntar o que é que ela já sabia, afinal. Porém Madalena já estava batendo a porta de seu quarto.
No outro dia, quando Madalena chegou à escola, foi direto na turminha de amigos de Naldo. Agarrou-o pelo pescoço e o arrastou até um canto entre a parede da escola e o muro que cercava a mesma. Então sem nenhuma explicação agarrou-o pelo colarinho e começou a beijá-lo, do mesmo jeito que via nas novelas – que foi a sua base de estudos da noite passada.
E então, tão tempestuosamente como surgiu, Madalena se foi deixando para trás um Naldo confuso e desorientado, suspirando e pensando sobre como não entendia as mulheres, sem saber que muitos anos depois ainda não entenderia.

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RÁ. Te peguei