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Carta para você

terça-feira, 8 de setembro de 2009
, hoje resolvi te escrever. Não para falar de como a falta que sinto de você é surreal, não para dizer que te amo além das palavras, não porque hoje fazem quatro meses que você não está mais ao meu lado. Mas porque hoje seu nome parou de ser um tabu para mim, porque hoje tomei coragem de falar sobre você.
Porque hoje sinto uma falta absurda de deitar no teu colo, de você me chamando pela casa querendo saber o que eu estou fazendo. Do seu boa noite repleto de "ta bom de cobertor assim, momosinha?", "Dorme bem, meu anjo lindo". Do teu abraço repleto de amor, e do teu cheiro de creme facial misturado com cheiro de cigarro, muito diferente do teu cheiro artificial de flores naquele dia pavoroso. Hoje eu preciso desesperadamente dizer que te amo. Não porque nunca tenha dito, não que nunca tenha mencionado. Eu preciso te dizer mais uma vez e sentir que você pode me escutar. Eu preciso apenas te sentir. Eu preciso te ver de novo nem que seja apenas nos meus sonhos.
Há coisas que nunca te falei, como o medo que sempre tive de que você não pudesse se orgulhar de mim. Ou como às vezes você me sufocava sempre me controlando e querendo saber onde eu estava quando eu dormia na tua casa. Ou como eu sentia falta quando você NÃO fazia isso. Ou como me senti sem chão a última vez que te vi.
Eu sinto falta dos teus alertas sobre o tempo e de que eu deveria me agasalhar. Eu sinto falta de comer sorvete no inverno só para ouvir você me olhar de cara feia. Ou de dar um beijo no gato só para ouvir você dizer: "Não beija esse gato, Mayarinha!". Hoje mais do que todos os dias, sinto tua falta. Talvez porque hoje, diferente dos outros dias, minha mente se conformou com a idéia de que você não vai voltar mais. E de que não terei seu abraço no dia do meu aniversário. E foi hoje, mais do que todos os outros dias que eu senti inveja das minhas amigas que têm vó, e senti também raiva por elas não passarem tanto tempo com elas. Pois se eu soubesse que seria tão doloroso não te ter aqui comigo teria passado minha vida inteira ao teu lado, e mesmo assim seria pouco.
Talvez por eu ser a mais esperançosa de todos à minha volta que a tua falta doeu tanto em mim. Eu não queria acreditar, e sobrevivi tantos e tantos dias com a sensação de que você voltaria alguma hora, de alguma forma. De que você estava me esperando na cama do hospital.
Meu amor egoísta te quer só para mim, aqui do meu ladinho, mesmo que seu lugar seja lá.
Tem coisas que me arrependo de nunca ter te falado. Você é minha segunda mãe. Sempre teve ciúmes do vô e da dinda, mas sempre soube que teu canto aqui no meu coração é um dos maiores e mais privilegiados.
E agora eu sei, mesmo que doa demais admitir, que talvez para você seja melhor assim. Mesmo que doa tanto não estar mais do teu lado, mesmo que a cada segundo a saudade aumente mais e mais. Eu sei que você está me vendo, e tudo que eu quero é te orgulhar, mais. Minha vida sem você não faz sentido, sabia?
E ela só tem feito sentido porque eu sei que você ta bem aqui, me cuidando de longe. Me lançando olhares desaprovadores quando saio desagasalhada, ou quando beijo os gatos, ou quando deixo o cachorro me lamber. Vendo cada lágrima de saudade que eu derramo, cada vez mais forte. Quem disse que o tempo cura todos os males?
Nem o tempo, nem a distãncia, nem a morte.
Te amo eternamente

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RÁ. Te peguei